FATOS DE MACAU
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sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
Distrito de Diogo Lopes
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segunda-feira, 13 de outubro de 2014
Floriano Bezerra de Araújo - Dados biográficos
Enveredar pela biografia de Floriano Bezerra de Araújo constitui histórica missão a qual enlevou-me, dado a existência de fatos de envergadura, perenizando o contexto de que os homens sensatos concentram-se no essencial.
“Aconselha a prudência e julgam os entendidos que a história só deve ser construída depois de um certo período dos acontecimentos, longe das efervescências deturpadoras e das paixões revoltas que costumam influir sobre o critério das narrativas”.
Ante o olvido a que é relegado pela esquerda, resta-me fazer a famigerada indagação: o que é isso, companheiro? Se a esquerda do RN pretender, algum dia, escrever a história de sua luta terá que passar, necessariamente, pelas “memórias” de Floriano, detentor de observações refundidas, pormenorizadoras de nuances e detalhes imprescindíveis à tessitura original dos fatos que nortearam o movimento esquerdista, bem como os insanos atos de tortura que macularam as página da história deste estado.
Desnecessário dizer que Floriano é um afluente da história, e como tal, nele encontramos o compromisso com o passado, de onde, não raro, retiramos os principais exemplos e motivações para as tarefas imprevisíveis que acompanham o ente humano em sua trajetória indefinida.
Floriano nasceu em 1927, às margens da lagoa do Piató, naturalizado como filho de Afonso Bezerra, e radicado em Macau, a partir dos 15 anos de idade. Dos 8 aos 15 anos trabalhou na agricultura, sendo inclusive lenhador, carvoeiro, vaqueiro e caçador de mel de abelhas.
Durante dois anos foi pescador profissional, em Macau. Trabalho nos escritórios das firmas salineiras Indústrias Reunidas F. Matarazzo e Sociedade de Sal P.A.G LTDA, carregando sal em balaios, e chegou a ser eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Extração do Sal, por cinco vezes, totalizando dez anos de vida sindical no mundo branco das salinas.
Ingressou na vida pública em 1954, filiando-se no PTB, saindo das urnas como 1ª suplente de deputado estadual. Eleito e reeleito deputado estadual no período compreendido entre o ano de 1958 e 1964, quanto foram cassados os seus diretor políticos em 08.06.1964, figurando seu nome no mesmo listão em que também foi cassado o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Sua cassação durou 18 anos, tendo conseguido obter o título eleitoral em 1982.
Representando a síntese vontade coletiva real, fundo os dois primeiros sindicatos de trabalhadores rurais do Estado do RN, quais sejam: Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração do Vale do Assu (trabalhadores que também fazem a lavoura na Vale) e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Afonso Bezerra, ambos em 1960.
Presidiu a Federação dos Trabalhadores na Indústria do RN, durante dois anos, e no mesmo período foi delegado da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria, entidade com a sigla CNTI.
De 1960 a 1962 dirigiu, simultaneamente, o STI da Extração do Sal, de Macau, a Federação, a Delegacia da Confederação, a Liga Camponesa, O Diretório Nacional, a Terpsícore Clube e o Serviço Social dos Trabalhadores na Indústria do SAL – SESTIS, o mais completo serviço de assistência social que pontificou no Nordeste do Brasil, e em toda a América Latina, sendo certo que este assistia a cerca de 20 mil pessoas.
Como deputado estadual, na Tribuna parlamentar, ou fora dela, foi sempre uma voz de grande objetividade, desasombrada e calorosa em defesa dos trabalhadores rurais e urbanos. Defensor dos interesses sociais em geral, pelas reformas de base, pela reforma agrária, por uma sociedade socialista, igualitária e libertária do povo brasileiro, além de fazer combate altivo e sistemático pela ética e contra a corrupção na vida pública e gerência do patrimônio sindical dos trabalhadores.
Enveredou pelo ramo farmacêutico durante 19 anos (1968/1986), sendo certo que os mais humildes tinham-no como verdadeiro médico de família, e ainda hoje o procura para que faça diagnósticos de saúde.
Disputou a eleição para senador em 1994(PT), tendo obtido 61 mil votos no Estado, sendo 6.684 em Mossoró e 21.101 em Natal.
Trouxe a linha férrea (Sampaio Correia) para Macau, como também o Banco do Brasil, em 1961. Em 1964, esteve preso político em Natal 16 R.I e R.O. Também na Ilha de Fernando de Noronha; no IV Exército – em Recife, e ainda em Natal, na DI-7 (Quartel General). Na última prisão, a volante que veio buscá-lo em Macau era composta de 84 homens e 11 viaturas do Exército.
Em 1968/1969 esteve preso no Quartel da 2ª Companhia de Política de Macau. Foi finalmente absolvido pelo Superior Tribunal Militar do País, por unanimidade.
História de um homem, história de um povo!
Por Marcos Pinto – historiador, advogado e Presidente da Academia Apodiense de Letras.
Fonte: Jornal Caderno de Domingo, Mossoró – 19 de outubro de 1997.
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